Estava aos pés do mar, deitada,
sentada, como que encostada no braço do mar que acarinhava-lhe o corpo,
permitindo com suas águas, um vai e vem das lembranças...Sentia as ondas
calmas, serenas, sem pestanejar...ora gelado, ora quentinho...o mar a noite e suas surpresas,
as suas renovações...estava no meio do mar, o seu amor...Juvelino, o pescador
mais conhecido daquela região...e por mais que tentasse, e respeitasse a força
das águas, Jacimara não entendia como o
homem havia perdido a mão do mar...como que era possível que depois de tanto
tempo, de tanta vivência, de tanta história contada naquelas ondas, as águas
tivessem levado o seu amor...Alí, na calada da noite, sem aquele bando de gente
que passava o dia a lhe fazer visitas e a exigir-lhe uma força de vida,
Jacimara salgou-se toda de memória de Juvelino, sendo que as vezes pensava que
avistava seu barco, seu homem, vindo pega-la na areia ...Na beira do mar, entre
soluços, Jacimara repetiu em suplicio, como se fosse possível a Juvelino escurtar-lhe,
a promessa que lhe havia feito na primeira noite do casal e que jamais tinha deixado de cumprir..lembrando-se
claramente do, entre afagos, ter ouvido da boca do homem, que ela deixasse de
agonia, que ele não a faria esperar, depois que a noite caísse, por ele na
beira do mar...e lá estava Jacimara, depois de três dias, olhando mareadamente
o sol anunciando a ausência do seu amor...
Se meus pensamentos tivessem balões estaria eu com os pés fora do chão? e se me fosse possível, registrar em palavras somente os delírios, seria, eu, louca? e se, com licença poética, eu tivesse uma verborragia mental, o que fazer? Um Blog!
quarta-feira, 27 de junho de 2012
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Antonia
acordou no sábado pela manhã, com um filete solar que invadia o quarto
atrapalhando o sono. Com os olhos ainda entreabertos, Antonia pode avistar, por
entre as grades da janela, um azul límpido que se encompridava para além do
recorte. Antonia despertou! tomou café, tirou do fundo da gaveta um biquíni e
acelerou-se para a praia. Sentada na cadeira, de frente para o mar, Antonia
avistou aproximando-se dela uma mulher alta, de cabelos negros e longos,
coberta por um cumprido vestido de babados. A cigana parou em sua frente e
solicitou a Antonia que estendesse as mãos para que ela pudesse ler. Carinhosamente,
Antonia cedeu as mãos a cigana que falou durante muito tempo, tricotando os
rabiscos entrecruzados que iam aparecendo nas mãos de Antonia...Quando foi
embora, ainda antes de perde-la de
vista, Antonia deitou-se na areia, com os pés a beira do mar, sentindo o sol
aquecer-lhe a pele...Ficou pensando em todo aquele falatório da cigana, admirou
as próprias mãos por terem tantas possibilidades...Sentiu que poderia experimentar
cada uma delas... em suas mãos, o mundo rasgando-se todos os dias e
oferecendo-se a ser vivido...Antonia sorriu, como uma criança que descobre onde
chegam as formigas depois de tanta caminhada...Em seguida, melou-se na areia e
correu pro mar, como quem começa, novamente, a descobrir o prazer de redesenhar linhas...
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Embaixo da grossa camada de gelo, corre um lago de águas fortes e correntes, Habita nele, todo tipo de vida marinha que suporta a frieza do inverno. Embaixo da grossa camada de gelo, pode-se ver algas verdinhas, peixes coloridos e todo tipo de imaginação. Dentro de toda gente, depois que se atravessa a mais grossa camada de gelo, há um lago de águas correntes e fluidas que guarda em sí, enfim...A vida!
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Mareia ô...
As coisas andavam sem encantos para Doralice! Nem a manhã abrindo-se lentamente até rasgar o céu, nem a tarde beirando a noite, nem o mar que ia e vinha, ora sem pressa ora com fúria. Doralice andava assim, sem graça, sem encanto, como quem acordado dorme, como meio que andando de anestesia...
Quando abria os olhos, anestesiava-se e andava na vida, assim meio de tangente, meio que pulando as poças d'agua, se chuva tivesse havido no dia anterior...
Até que um dia, tomada por uma sensação estranha, Doralice não se recorda bem como foi parar de frente para o mar....Era uma manhã dessas de segunda-feira, a praia todinha para ela.
A brisa leve não tangeu seu corpo, não fez curva...rasgou as entranhas de suas ventas até atingir o coração...Dos olhos sairam gotas de mar salgadinhas, escorrendo pela areia de sua face...Sentada, Doralice cavou a terra até sentir os dedos molhados...Lembrou-se das poças d'agua que havia pulado e encantou-se tanto que sentiu no corpo leve a força das águas puxando-a para dentro de sí...
As coisas andavam sem encantos para Doralice! Nem a manhã abrindo-se lentamente até rasgar o céu, nem a tarde beirando a noite, nem o mar que ia e vinha, ora sem pressa ora com fúria. Doralice andava assim, sem graça, sem encanto, como quem acordado dorme, como meio que andando de anestesia...
Quando abria os olhos, anestesiava-se e andava na vida, assim meio de tangente, meio que pulando as poças d'agua, se chuva tivesse havido no dia anterior...
Até que um dia, tomada por uma sensação estranha, Doralice não se recorda bem como foi parar de frente para o mar....Era uma manhã dessas de segunda-feira, a praia todinha para ela.
A brisa leve não tangeu seu corpo, não fez curva...rasgou as entranhas de suas ventas até atingir o coração...Dos olhos sairam gotas de mar salgadinhas, escorrendo pela areia de sua face...Sentada, Doralice cavou a terra até sentir os dedos molhados...Lembrou-se das poças d'agua que havia pulado e encantou-se tanto que sentiu no corpo leve a força das águas puxando-a para dentro de sí...
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