quarta-feira, 10 de outubro de 2012

No entre do lençol estampado em flores...

Evaristo havia chegado em casa cansado como de costume. O trabalho de turnos, lhe dava uma rotina faltante de noites dormidas...em sua programação, chegaria em casa exausto, tomaria aquele banho e deitaria...foi quando, ao abrir a porta, sentiu "uma coisa" lhe mandando visitar Lurdinha, sua noiva. Mesmo cansado, Evaristo deu a meia volta e esperou pelo taxi que o levaria ao barbalho, morada de sua noiva.

Lurdinha tinha sido a única mulher que Evaristo amou de verdade. Contava, ainda com os olhos aguados, que até mesa de madeira de jacarandá, já tinha comprado para o casamento. Amava Lurdinha, como se nada mais no mundo tivesse outra importância.

A casa em reforma, pequena, tinha apenas a iluminação natural do dia. Lurdinha costumava deixar a porta sempre a "meio pau" e afim de fazer uma surpresa, Evaristo caminhou na ponta dos pés para não fazer barulho. Do corredor, pode ouvir o ventilador que ligado, circulava pelo quarto, ondulando o lençol estampado em flores que servia como porta para o quarto de Lurdinha. No entre das ondulações, Evaristo avistou aquilo que mais doeu no seu coração...uma cena que arrancou-lhe a esperança no Amor e que certamente o acompanharia por toda a sua vida...Nas ondulações provocadas pelo ventilador denunciavam  as pernas de Lurdinha entrelaçadas a outras pernas naquela tarde de sábado. Rasgado em uma dor "jamais sentida", Evaristo não deu uma só palavra. Virou-se e saiu, novamente sem fazer barulho...enquanto descia as escadas sentia-se trêmulo e sem força. E, na esquina, em um só gole de conhaque afogou seu coração.

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